segunda-feira, 18 de maio de 2020

3ºEJA - FILOSOFIA - Professora Jussara

 ATIVIDADE DE 18 A 22 DE MAIO


Olá estudantes! Tudo bem com vocês?


Estamos nos aproximando do final do nosso primeiro bimestre de uma maneira bem fora do que estamos acostumados, mas pudemos aprender algumas coisas bem legais nesses meses, não é?


Para encerrarmos com chave de ouro, vamos refletir mais profundamente sobre a teoria da banalidade do mal para Hannah Arendt. Leia o texto abaixo e faça a atividade solicitada em seguida. É muito importante que você faça as atividades e as entregue na escola no dia 22 de maio no horário escolhido para a sua série. Vamos concluir esse bimestre com sucesso - dentro do possível! :)


Hannah Arendt e a Banalidade do Mal

 

O que você entende por “banal” e “mal”? Defina cada um desses termos e dê, pelo menos, um exemplo que explique cada um deles. Em sua opinião, em que situação uma atitude má pode ser banal? E em que situação uma atitude má não seria banal? Reflita e destaque, pelo menos, um exemplo.

A discussão empreendida por Hannah Arendt gira em torno da ideia de que a banalidade do mal é consequência de uma ação impensada, alienada e conivente, que propaga um tipo de normalidade, de hábito insensível. Esse mal faz ignorar as vítimas e pode se instalar tanto em regimes totalitários quanto democráticos.

A pensadora acompanhou o julgamento do oficial nazista Adolf Eichmann e ficou impressionada com a ausência de convicções por parte do acusado, um homem que havia sido responsável pela deportação de incontáveis vítimas para os campos de concentração e que, apesar disso, considerava-se inocente, argumentando que apenas havia cumprido ordens. Hannah Arendt desenvolveu então sua hipótese explicativa: a banalidade do mal.

Em seu livro Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal (1963), a filósofa desenvolveu sua teoria na tentativa de compreender a maldade praticada pelos homens. Lembre-se de que “banal” significa trivial, comum, desimportante.

Pode-se dizer, por exemplo, que um filme é banal porque é bobo, não acrescenta nada; que não se deve brigar porque o motivo é banal, ou seja, o motivo não justifica uma briga; ou ainda que não se deve perder tempo com banalidades, pois elas são insignificantes. Como então um mal pode ser banal?

Em 1997, no Brasil, cinco jovens assassinaram o índio Galdino Jesus dos Santos. Você se lembra? Galdino estava em Brasília para discutir a situação da terra de seu povo no sul da Bahia. Ao voltar para onde estava hospedado, ele se perdeu e dormiu em um ponto de ônibus. Às 5 horas, os jovens atearam fogo nele, que teve 95% do corpo queimado e morreu em seguida. No julgamento, os assassinos se defenderam afirmando que fora uma brincadeira.

Hannah Arendt encontrou-se diante de um enigma assim quando escreveu a tese da banalidade do mal, questionando como alguém que praticou um mal não se considera culpado.

Para que você possa compreender melhor a tese da banalidade do mal, é preciso entender o contexto em que ela foi formulada. Em 1961, Hannah Arendt embarcou de Nova Iorque para Jerusalém, para acompanhar o que seria o maior julgamento de um carrasco nazista depois do Tribunal de Nuremberg. O réu era Adolf Eichmann, encontrado na Argentina pela polícia secreta de Israel (Mossad). Em maio de 1960, ele fora sequestrado pelos oficiais dessa unidade especial e levado para Jerusalém. Só então o governo de Israel anunciou que o havia descoberto no país latino-americano, escondido sob a falsa identidade de Ricardo Klemente, um funcionário da Mercedes-Benz.

É ainda necessário explicar que, durante o regime nazista, Eichmann coordenava as atividades práticas de implementação da “solução final”, termo que se refere ao projeto nazista de eliminar toda a população judaica dos territórios conquistados pela Alemanha. De seu escritório em Berlim, Eichmann organizava as rotas de trens que seguiam para os campos de extermínio, identificando os deportados. Era ele quem despachava homens e mulheres de origem judaica, homossexuais, ciganos, testemunhas de Jeová, entre outros, considerados inferiores ou prejudiciais para os alemães “puros”, para os campos de concentração e de extermínio, tais como Auschwitz, Dachau e Treblinka.

A filósofa, que foi a Jerusalém como enviada da revista New Yorker e acompanhou diariamente as sessões do julgamento, esperava encontrar um ser monstruoso, alguém malévolo, com sede de sangue, sem nenhum sentimento de bem-querer pelo ser humano, ou seja, um assassino frio, disposto a matar qualquer um que se interpusesse entre ele e seus objetivos. No entanto, espantou-se ao deparar com um perfil burocrata, um marido dócil, um pai dedicado, alguém que se julgava um bom cidadão, cumpridor de seus deveres.

Arendt, cujo nome significa enfrentar, dedicou-se sem ressalvas a enfrentar esse dilema. Como um indivíduo que participou ativamente de um sistema que aniquilou milhares de vítimas não se sente responsável pelo que fez? Em seu texto, ela transcreve a declaração de inocência do acusado:

Com o assassinato dos judeus não tive nada a ver. Nunca matei um judeu, nem um não-judeu – nunca matei nenhum ser humano. Nunca dei uma ordem para matar fosse um judeu fosse um não-judeu; simplesmente não fiz isso.

Adolf Eichmann, 1961.

Apud ARENDT, Hannah. Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal. São Paulo: Companhia das Letras, 1999, p. 33.

Foi na tentativa de responder a essa questão que a pensadora desenvolveu a tese da banalidade do mal, que explica como um mal praticado por uma personalidade condicionada, sem convicção, faz desse indivíduo, por isso mesmo, alguém capaz das maiores atrocidades sem se responsabilizar por elas, pois, para a pessoa, trata-se apenas do cumprimento de ordens.

Essa barbaridade torna-se banal porque não tem uma motivação política, ética, ideológica. Eichmann decidia e enviava as pessoas em um trem para campos de extermínio como se isso fosse algo comum, ordinário e, por isso, banal. É importante dizer que a ausência de motivação não o isenta e não o torna inocente; a complexidade é justamente entender que sujeito era esse, que não era um inimigo patológico dos judeus, nem um sádico mórbido ou um monstro depravado, mas terrível, horrivelmente normal. Arendt caracterizou a personalidade de Eichmann como medíocre, um sujeito que cumpria com zelo e eficiência as ordens que recebia, sem questioná-las, considerando desonesto não executar o trabalho que lhe fora dado. A pensadora afirma que, ao cumprir ordens, sentado à sua mesa de escritório, Eichmann acreditava que permanecia “de mãos limpas”. Afinal, era como se, diretamente, ele não fizesse mal a ninguém; ao contrário, ele estaria honrando o seu trabalho, sendo apenas um cumpridor dos seus deveres.

Era um funcionário extraordinário, mas um homem ordinário, incapaz de pensar por si próprio, de separar o bem do mal e que, pelo seu comprometimento profissional, se considerava inocente. Conforme observou Arendt:

[...] era um homem que não parava para refletir. Ele não tinha perplexidades e nem perguntas, apenas atuava, apenas obedecia. Seu desejo de agir corretamente, de ser um funcionário eficiente, de ser aceito e reconhecido dentro da hierarquia, o tornou um burocrata insensível [...].

SOUKI, Nádia. Hannah Arendt e a banalidade do mal. Extensão.Cadernos da Pró-reitoria de Extensão da PUC Minas, v. 8, n. 26, p. 53, ago, 1998.

Eichmann foi considerado culpado e sentenciado à morte por enforcamento, em Israel.

As análises de Arendt são fundamentais porque alertam para a propensão dos seres humanos a fazer parte de um grupo, aderindo a ele sem reflexão, assumindo, sem pensar, as ideias, opiniões e deveres que podem levar a males extremos.

É um perigo atual se você levar em conta o número de pessoas que vivem de forma acrítica. Segundo a filósofa, o desumano se esconde em cada ser humano. Continuar a pensar e interrogar a si próprio sobre os atos, as normas é a única condição de não ser tragado por esse mal.

 

 

A T I V I D A D E _________________________________________

 

Responda as questões abaixo em uma folha separada e entregue na escola dia 22 de maio.

 

1. Explique o que você entendeu pelo conceito de banalidade do mal.

2. Você consegue imaginar outro exemplo de banalidade do mal que ocorre hoje em dia? Escreva e explique o porquê a banalidade do mal está expressa aí.


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