quarta-feira, 1 de abril de 2020

FILOSOFIA - 2ºA, 2ºB, 2ºC e 2ºD - Professora Jussara


Olá estudantes!

Nas últimas aulas falávamos sobre a importância de reconhecermos que somos seres racionais para podermos discutir a Ética. Mas afinal, o que é Ética? Qual a diferença entre Ética e moral?
Leia o texto abaixo:

A diferença entre Ética e moral

Toda cultura e ou sociedade possui uma série de costumes e uma moral, isto é, valores concernentes ao bem e ao mal, ao permitido e ao proibido e à conduta correta e à incorreta, válidos para todos os seus membros. Culturas e sociedades fortemente hierarquizadas e com diferenças de castas ou de classes muito profundas podem até mesmo possuir várias morais, cada uma delas referida aos valores de uma casta ou de uma classe social. No entanto, a simples existência da moral não significa a presença explícita de uma ética, entendida como filosofia moral, isto é, uma reflexão que discuta, problematize e interprete o significado dos valores morais. Ao contrário, toda sociedade tende a naturalizar a moral, de maneira a assegurar sua perpetuação através dos tempos.
De fato, os costumes são anteriores ao nosso nascimento e formam o tecido da sociedade em que vivemos, de modo que acabam sendo considerados inquestionáveis e as sociedades tendem a naturalizá-los (isto é, a torná-los como fatos naturais existentes por si mesmos). Não só isso. Para assegurar seu aspecto obrigatório que não pode ser transgredido, muitas sociedades tendem a sacralizá-los, ou seja, as religiões os concebem ordenados pelos deuses, na origem dos tempos.
Para entendermos o que cada um destes conceitos significa, podemos olhar a origem comum das palavras: moral deriva do latim moris e refere-se ao conjunto de costumes tradicionais de uma sociedade e que, como tais, são considerados valores e obrigações para a conduta de seus membros. Já na língua grega existem duas significações da palavra ethos: ela pode significar costume, mas também é caráter, índole natural, temperamento, conjunto das disposições físicas e psíquicas de uma pessoa. Nesse segundo sentido, éthos se refere às características pessoais de cada um, as quais determinam que virtudes e que vícios cada indivíduo é capaz de praticar.
Assim, a filosofia moral ou a ética nasce quando, além das questões sobre os costumes, também se busca compreender o caráter de cada pessoa, isto é, o senso moral e a consciência moral individuais. A filosofia moral ou a disciplina e os estudos denominados Ética nasce quando se passa a indagar o que são, de onde vêm e o que valem os costumes; em outras palavras a ética é nada mais que o estudo da moral.

CHAUÍ, Marilena. Iniciação à filosofia (adaptado). São Paulo: Ática, 2014.

Agora que falamos sobre a ideia de Ética, podemos passar a uma outra discussão muito importante nesse campo de estudos da Filosofia: o conceito de liberdade.  O que é liberdade para você?
O texto abaixo fala sobre nossa percepção da moral e como isso se relaciona com a liberdade.

MORAL E LIBERDADE

Senso moral e consciência moral
Em muitas ocasiões, ficamos contentes e emocionados diante de uma pessoa cujas palavras e ações manifestam honestidade, honradez, espírito de justiça, altruísmo, mesmo quando tudo isso lhe custa sacrifícios. Sentimos que há grandeza e dignidade nessa pessoa. Temos admiração por ela e desejamos imitá-la. Por outro lado, não raras vezes somos tomados pelo horror diante da violência: chacinas de seres humanos e animais, linchamentos, assassinatos brutais, estupros, genocídio, torturas e suplícios. Com frequência, ficamos indignados ao saber que um inocente foi injustamente acusado e condenado, enquanto o verdadeiro culpado permanece impune. Sentimos cólera diante do cinismo dos mentirosos, dos que usam outras pessoas como instrumento para seus interesses e para conseguir vantagens à custa da boa-fé de outros. Todos esses sentimentos manifestam nosso senso moral.
Vivemos certas situações, ou sabemos que foram vividas por outros, como situações de extrema aflição e angústia, nas quais precisamos tomar decisões que gerarão coisas boas para uns e ruins para outros. Situações como essas – mais dramáticas ou menos dramáticas – surgem sempre em nossas vidas. Nossas dúvidas quanto à decisão a tomar não manifestam apenas nosso senso moral, mas também põem à prova nossa consciência moral, pois exigem que decidamos o que fazer, que justifiquemos para nós mesmos e para os outros as razões de nossas decisões e que assumamos todas as consequências delas, porque somos responsáveis por nossas opções.
Para que haja conduta ética é preciso que exista o agente consciente, isto é, aquele que conhece a diferença entre bem e mal, certo e errado, permitido e proibido, virtude e vício. A consciência moral não só conhece tais diferenças, mas também reconhece-se como capaz de julgar o valor dos atos e das condutas e de agir em conformidade com os valores morais, sendo por isso responsável por suas ações e seus sentimentos e pelas consequências do que faz e sente. Consciência e responsabilidade são condições indispensáveis da vida ética.
A consciência moral manifesta-se, antes de tudo, na capacidade para deliberar diante de alternativas possíveis, decidindo e escolhendo uma delas antes de lançar-se na ação. Tem a capacidade para avaliar e pesar as motivações pessoais, as exigências feitas pela situação, as consequências para si e para os outros, a conformidade entre meios e fins (empregar meios imorais para alcançar fins morais é impossível), a obrigação de respeitar o estabelecido ou de transgredi-lo (se o estabelecido for imoral ou injusto).
A consciência é talvez a melhor característica que distingue o ser humano dos outros animais. Ela permite o desenvolvimento do saber e da racionalidade que se empenha em separar o falso do verdadeiro. Além dessa consciência lógica, o ser humano possui também consciência moral, isto é, a faculdade de observar a própria conduta de formular juízos sobre os atos passados, presentes e as intenções futuras. E depois de julgar, o homem tem condições de escolher, dentre as circunstâncias possíveis, seu próprio caminho na vida. A essa possibilidade que o homem tem de escolher seu caminho, construir sua maneira de ser e sua história chamamos de liberdade.

Liberdade e Responsabilidade
Assim, se consciência moral e liberdade estão intimamente relacionadas, só tem sentido julgar moralmente a ação de uma pessoa se essa ação foi praticada em liberdade. Quando não se tem escolha (liberdade), quando se é coagido a praticar uma ação, é impossível decidir entre o bem e o mal (consciência moral). A decisão, nesse caso, é imposta pelas forças coativas, isto é, que determinam uma conduta. Exemplo: tendo um filho sequestrado, o pai cumpre ordens do sequestrador. A ação desse pai está determinada pela coação do criminoso. Quando, entretanto, estamos livres para escolher entre esta ou aquela ação e fazemos uma escolha, tornamo-nos responsáveis pelo que praticamos e podemos ser julgados moralmente por isso.
Observemos que o termo responsabilidade vem do latim respondere “responder”, e significa estar em condições de responder pelos atos praticados, isto é, de justificá-los assumi-los. É essa responsabilidade, enfim, que pode ser julgada pela consciência moral do próprio indivíduo ou grupo social.

Referências:

CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Editora Ática, 2010.
COTRIM, Gilberto. FERNANDES, Mirna. Fundamentos da filosofia (adaptado). São Paulo: Saraiva, 2013.

Agora, com todos estes conhecimentos, você já está preparado para responder às seguintes questões:
1. Segundo os textos, como podemos definir Ética e moral?
2. Qual a importância de sermos seres conscientes para podermos agir eticamente?
3. Como podemos definir, segundo o texto, o que é liberdade?
4. Qual a relação entre liberdade e responsabilidade?

Entregue as respostas em meu e-mail (jussarafreitas@prof.educacao.sp.gov.br) até o dia 13 de abril.
Quaisquer dúvidas devem ser encaminhadas para o mesmo e-mail!

Bons estudos!
Até mais!

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