segunda-feira, 18 de maio de 2020

2º EJA - FILOSOFIA - Professora Jussara

ATIVIDADE DE 18 A 22 DE MAIO 


Olá estudantes! Tudo bem com vocês?


Estamos nos aproximando do final do nosso primeiro bimestre de uma maneira bem fora do que estamos acostumados, mas pudemos aprender algumas coisas bem legais nesses meses, não é?


Para encerrarmos com chave de ouro, vamos refletir mais profundamente sobre a teoria contratualista de Thomas Hobbes. Leia o texto abaixo e faça a atividade solicitada em seguida. É muito importante que você faça as atividades e as entregue na escola no dia 22 de maio no horário escolhido para a sua série. Vamos concluir esse bimestre com sucesso - dentro do possível! :)



O homem como predador do homem: Hobbes

 

Neste tema, o objetivo será entender a perspectiva do filósofo inglês Thomas Hobbes (1588-1679) e em que medida o homem pode ser adversário do próprio homem. Hobbes é considerado um dos grandes pensadores modernos da política, tema sobre o qual mais escreveu. Sua obra é assinalada por uma grande materialidade, ou seja, ele partia de princípios concretos, físicos e, em seus próprios termos, corporais para analisar as questões acerca do poder. Para o filósofo, antes de se organizarem em sociedade, os homens viveram no chamado “estado de natureza”.

Nesse estado, não há leis para reger as atitudes dos homens, que resolveriam as disputas e conflitos, sobretudo, por meio da violência e da sobreposição do mais forte em relação ao mais fraco; seria o estado de uma guerra de todos contra todos. Pode-se perceber, então, que o filósofo lançou muitas dúvidas a respeito das motivações humanas. Será que seu pessimismo quanto aos homens é válido?

 

O homem é uma fera governável: o estado de natureza para Hobbes

 

Para compreender melhor o pensamento de Hobbes, é necessário primeiro analisar com maior detalhe o que ele chamou de “estado de natureza”. Esse estado caracteriza a situação dos homens antes de instituírem a sociedade, isto é, antes de se organizarem segundo um contrato social, por meio de normas e leis. Como seria o homem antes da introdução de normas e sanções? Essa situação hipotética é utilizada de forma teórica para se referir ao estado do homem antes das estruturas sociais e normativas e, com base nessa premissa, refletir sobre a importância e o processo de formação dessas normas e estruturas sociais.

É importante ressaltar que o estado de natureza, conforme dito, é uma hipótese e que se relaciona com a forma de viver antes que o homem criasse a sociedade. Todavia, o homem fora de determinados modelos de sociedade, por mais que viva em civilização ou mesmo em comunidade, pode ser considerado por alguns em estado de natureza, por não se adequar a certo modelo dominante de sociedade. Deve-se ter atenção para o fato de que esse termo pressupõe a necessidade de um Estado, de um governo centralizado e centralizador, de normas e leis como solução para a barbárie.

Para Hobbes, em estado de natureza, os homens dependeriam da força para sobreviver. Isso quer dizer que o mais forte se impõe sobre os mais fracos, dominando suas posses, suas terras e até sua vida. Nesse estado reina o medo, pois não há garantias de proteção. Mesmo o mais forte pode perder tudo se outro indivíduo, pelo uso da violência, o atacar. Também é importante destacar que as motivações desses homens seriam individuais, ou seja, cada qual agiria segundo seus interesses próprios. Assim, tem-se a descrição do que o filósofo chamou de “guerra de todos contra todos” (em latim, bellum omnium contra omnes) ou “o homem, lobo do homem” (em latim, homo homini lupus).

 

O contrato social

 

Para que a vida se torne segura, a constante ameaça de conflito precisa cessar; daí, apontou Hobbes, a necessidade de um contrato social, ou seja, esse contrato estabeleceria as bases de uma sociedade civil, na qual os indivíduos, por interesses recíprocos, renunciariam à liberdade e à posse, transferindo esses direitos a um terceiro – o soberano, que pode ser uma pessoa (monarquia) ou uma assembleia (aristocracia ou democracia) – que tem o poder de criar e de aplicar leis, garantindo aos homens seus direitos naturais: a vida e a paz, exatamente aqueles elementos desejados que fizeram os homens se tornarem sócios nesse pacto social. Assim, para Hobbes, a sociedade civil resulta de um pacto constituído voluntária e racionalmente, pelo qual os indivíduos abrem mão de sua liberdade e conferem todo o poder a um soberano, que o exerce de modo absolutista. A originalidade de seu pensamento consiste justamente em ter considerado que o indivíduo é favorável ao poder absoluto, ao mesmo tempo que admite o pacto social, isto é, a aceitação de uma liberdade menor. Além disso, para Hobbes, o que move o ser humano não é a busca do bem, mas a satisfação de seus desejos, ainda que à custa de prejuízos para os outros.

É por isso que, para Hobbes, a passagem do estado de natureza à sociedade civil seria racional, ou seja, uma decisão voluntária dos homens para garantir sua autopreservação. Sendo assim, ao transferir a liberdade para o soberano, isso não significa privar-se de liberdade, mas a possibilidade de cumprir as leis estabelecidas a fim de preservar a própria existência:

[...] resignar ao seu direito a todas as coisas, contentando-se, em relação aos outros homens, com a mesma liberdade que aos outros homens permite em relação a si mesmo.

HOBBES, Thomas. Leviatã. São Paulo: Martins Fontes, 2008, p. 113.

 

O Estado, Leviatã

 

Leviatã é o nome do principal livro de Hobbes, publicado em 1651. Nele, o filósofo apresentou sua tese de como o homem sairia do estado de natureza para a sociedade civil por meio de um contrato social. Também nessa obra, o pensador refletiu acerca do conceito de “corpos”. Ele apontou dois tipos de corpos diferentes: os naturais e os artificiais. O primeiro tipo é o corpo de cada ser vivo, seu bem máximo, ou seja, seu maior valor, aquilo que precisa ser conservado acima de tudo. Já o segundo tipo é o corpo coletivo, que representa o todo social e é, portanto, um corpo artificial, pois é criado, construído. O governo, seja ele uma assembleia ou um monarca, é esse corpo artificial, chamado por Hobbes de Leviatã. Leviatã é a denominação que remete a uma criatura mitológica de grandes proporções, comum no imaginário de marinheiros, e cujo principal objetivo é garantir a preservação da vida.

O soberano é quem recebeu o poder transmitido pelo povo, que por sua vez, a partir desse momento, é chamado de súdito. Para Hobbes, o poder do soberano é absoluto. Sua soberania ilimitada é legítima e necessária, na medida em que os homens instaurariam novamente a guerra caso lhes restasse algo de sua liberdade natural, por menor que fosse. Assim, pode-se concluir que, para Hobbes, os homens precisariam ser governados, a fim de que houvesse chances de sair de uma situação de “cada um por si” – situação que, embora seja de liberdade, carrega consigo o perigo da violência iminente. É por isso que os homens aceitariam transferir sua liberdade, pois todos a transfeririam igualmente, estando sujeitos ao soberano e à mesma condição de súditos. Hobbes foi um dos poucos filósofos que questionaram a teoria política de Aristóteles. Enquanto Aristóteles afirmava que o homem é um animal político, Hobbes analisava a natureza humana sob uma perspectiva mais desconfiada: “homem, lobo do homem”, que significa que os homens defendem seus interesses colocando-os acima dos interesses dos demais e nutrindo em geral uma profunda indiferença quanto às crenças e convicções do outro. Hobbes era um filósofo cético, ou seja, duvidoso, descrente em relação à bondade e ao altruísmo, considerando a natureza humana racionalmente, sem o emprego da fé ou da esperança. Assim, as regras de convivência e a elaboração de um contrato social coletivo seriam a única forma de garantia para a vida e para a paz; do contrário, a humanidade tenderia a devorar a si mesma, como feras famintas.

 

A T I V I D A D E _________________________________________________

        

Responda as questões abaixo em uma folha separada e entregue na escola dia 22 de maio.

 

         1. Em sua opinião, o que explica que as pessoas tenham atitudes violentas, umas em relação às outras? Por que há pessoas que roubam e que transgridem as leis e as normas sociais?

2. Após reler o texto “O homem é uma fera governável: o estado de natureza para Hobbes”, responda: o que significa a famosa afirmação de Hobbes “O homem é o lobo do homem”?

3. Você concorda com as ideias de Hobbes em relação à natureza humana? Por quê? 


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